Por troféu inédito, Atlético-MG busca outra virada histórica - Jornal Correio MS

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24/07/2013

Por troféu inédito, Atlético-MG busca outra virada histórica

Chegou o dia que a fanática torcida do Atlético tanto esperava - e a talentosa equipe comandada por Ronaldinho acredita que conseguirá mais um milagre


Olímpia e Atlético-MG decidem a final da Libertadores na primeira partida da Final - AFP

"Vamos ter de suar sangue. É o jogo das nossas vidas. Não podemos errar", avisou o volante Pierre.

O Atlético-MG disputa nesta quarta-feira, às 21h50 (de Brasília), no Mineirão, a partida mais importante dos seus 105 anos de história. Se for campeão da Libertadores, seu nome se consolidará, enfim, no cenário internacional. O dia 24 de julho pode ser o início de uma nova era num clube que carrega a inglória fama de ser forte apenas dentro de Minas Gerais - o único título brasileiro foi conquistado no longínquo ano de 1971, no mesmo Mineirão. Mas, para escrever o capítulo mais glorioso da sua história, o Atlético tem de torcer para o raio cair duas vezes no mesmo lugar. Como perdeu por 2 a 0 no jogo de dia no Paraguai, o time mineiro precisa vencer o Olimpia por dois gols de diferença para levar o jogo para a prorrogação. Isso já aconteceu uma vez no Mineirão diante desse mesmo adversário paraguaio. Foi em 1992, na final da Copa Conmebol. Em 53 anos de história da Libertadores, a virada de que o time mineiro precisa aconteceu só uma vez. Em 1989, o Atlético Nacional, da Colômbia, perdeu o primeiro duelo justamente para o Olimpia, por 2 a 0, e conseguiu reverter a vantagem, sendo campeão nos pênaltis.

Para conseguir essa virada histórica, o técnico Cuca trabalhou muito para deixar a equipe pronta para um desafio tão grande. O principal objetivo do treinador nos últimos dias foi não deixar que a ansiedade e a pressão sobre os jogadores impeçam que o Atlético apresente o bom futebol que o notabilizou ao longo do torneio. Ele sabe que a margem de erro é muito pequena e já avisou isso aos jogadores. "Vamos ter de suar sangue. É o jogo das nossas vidas. Não podemos errar", avisou o volante Pierre. Para complicar um pouco mais a missão, o Atlético não terá os dois laterais titulares, Marcos Rocha e Richarlyson, ambos suspensos. Na direita, Cuca faz mistério, mas Michel é o mais cotado para ficar com a vaga. Na esquerda, a entrada de Junior César é certa. Na frente, Bernard volta de suspensão - e aparece como a grande esperança atleticana para desmontar a defesa paraguaia ao lado de Ronaldinho Gaúcho, que foi muito mal no primeiro jogo da decisão, semana passada, em Assunção. O camisa 10, que ainda persegue a conquista de um título importante em sua volta ao futebol brasileiro, foi sacado por Cuca no início do segundo tempo.


O poder de fogo de Diego Tardelli e Jô, artilheiros do time na Libertadores com seis gols cada, também é um triunfo da equipe, que será empurrada por 62.000 torcedores no Mineirão. Os ingressos estão esgotados. A expectativa em torno da decisão é enorme em Belo Horizonte. Cambistas chegam a cobrar 1.000 reais por um bilhete para o jogo. E a torcida atleticana promete montar um mosaico que vai cobrir toda a arquibancada do estádio, assim como já fez o Olímpia em Assunção. Mas o retrospecto da equipe no novo Mineirão, inaugurado no começo deste ano, não é dos melhores. Depois da reforma, o Atlético jogou três vezes no estádio. Na reabertura, perdeu por 2 a 1 para o Cruzeiro. Depois, venceu o Villa Nova por 2 a 1. Na decisão do campeonato estadual, voltou a ser derrotado pelo rival Cruzeiro por 2 a 1, mas ficou com o título porque vencera o primeiro jogo por 3 a 0. O objetivo da diretoria era continuar jogando no Independência, onde o time está invicto há 38 jogos. A Conmebol não deixou. Para se adaptar ao palco da final, o time chegou a treinar no domingo e na segunda no estádio. Na véspera do jogo, o Atlético fez apenas um treino leve em seu centro de treinamento. Cuca já acreditava que sua equipe estava pronta para a decisão.


A redenção dos 'ex-renegados' do Atlético:


Ronaldinho Gaúcho

Eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa em 2004 e 2005, o craque entrou em decadência depois disso: perdeu espaço na seleção, pouco fez no Milan e, em seu retorno ao Brasil, viveu mais baixos que altos com a camisa do Flamengo, de onde saiu escorraçado e tachado pela torcida como mercenário. Há um ano no Atlético-MG, ele é o líder da equipe que está encantando na Libertadores, com passes certeiros e até marcando gol de cabeça, como na vitória sobre o São Paulo no Morumbi, no primeiro jogo das oitavas de final.


Jo


O atacante surgiu como craque no Corinthians e foi cedo para a Europa, mas não se firmou - defendeu CSKA, Manchester City, Everton e Galatasaray. Voltou ao Brasil em 2011, para defender o Internacional, e também não empolgou ninguém, à exceção dos sites de fofoca por causa de suas festas de arromba. No Atlético, parece ter se reencontrado e foi um dos destaques do massacre contra o São Paulo, com três gols. Jô conseguiu até voltar à seleção e fez parte do elenco vencedor da Copa das Confederações, marcando dois gols no torneio.


Pierre


Pierre trocou o Paraná Clube pelo Palmeiras no começo de 2007, numa contratação por atacado puxada pelo técnico Caio Júnior - mas, dos cinco jogadores que chegaram, foi o único que caiu nas graças da torcida alviverde. Mas seguidas lesões e problemas particulares o deixaram em maus lençóis com Luiz Felipe Scolari, que não se opôs a sua troca pelo rechonchudo Daniel Carvalho. No Atlético, Pierre recobrou a autoestima e voltou a ser um volante brigador, que consegue desarmar sem cometer muitas faltas e comemora cada bola afastado como se fosse um gol - um delírio para uma torcida que adora jogadores raçudos.

Leonardo Silva

Até chegar ao futebol mineiro, em 2009, o zagueirão de 1,92 metro acumulou um extenso e pouco notável currículo: América do Rio, Brasiliense, Bahia, Palmeiras, Portuguesa, Juventude, Al Wahda, nos Emirados Árabes, e Vitória. Só no Cruzeiro é que passou a ser reconhecido como um zagueiro de ponta - e sua transferência para o Atlético, no começo de 2011, provocou um terremoto em Belo Horizonte. Ao lado de Réver, que tem a mesma altura, Leonardo Silva domina o jogo na área atleticana e ainda colabora no ataque, e, aos 34 anos, vê de longe os tempos em que era visto como um jogador mediano.


Diego Tardelli


Um dos melhores em campo nos jogos contra o São Paulo, especialmente nos 4 a 1 de Belo Horizonte, o atacante formado no tricolor paulista reafirmou neste ano sua ligação afetiva com o Atlético - que foi o único time onde efetivamente brilhou, já que suas passagens pelo próprio São Paulo e por Flamengo, PSV, Betis, Anzhi e Al Gharrafa foram pouco relevantes e marcadas por problemas extracampo - ele ficou conhecido desde jovem por apreciar a vida noturna. De volta ao time desde o começo do ano, reencontrou o bom futebol, é idolatrado pela torcida e sonha em voltar à seleção brasileira.


Richarlyson


O polivalente jogador, que pode jogar de zagueiro, lateral-esquerdo, volante ou até meia, chegou ao Atlético-MG em 2011, depois de uma passagem de seis anos no São Paulo marcada por altos e baixos - era um dos jogadores preferidos do técnico Muricy Ramalho, mas não conseguiu se firmar após sua saída e ainda era hostilizado pelos torcedores com cantos homofóbicos. Depois de um começo titubeante no Atlético, firmou-se como um dos principais jogadores da equipe.


Josué


Um dos ídolos do São Paulo campeão da Libertadores e do Mundial em 2005, Josué sumiu do mapa depois da Copa do Mundo de 2010, onde amargou a reserva de Felipe Melo e quase não teve chances de jogar. Estava no Wolfsburg, da Alemanha, quase esquecido pelos brasileiros, mas Cuca - que o treinou no Goiás em 2004 - lembrou-se dele e o chamou para reforçar a marcação. Tem ficado na reserva, mas corresponde sempre que entra.


Rosinei


O meia foi revelado no Corinthians campeão brasileiro de 2005 como um "faz-tudo", que poderia jogar como armador, volante ou mesmo lateral. Saiu no meio da campanha do rebaixamento para a Série B e teve passagens discretas pelo América do México e pelo Murcia, da Espanha, assim como no Internacional. Chegou ao Galo no começo do ano e vem tendo boas participações - apesar de ter pisado na bola no jogo de volta contra o São Paulo, quando reagiu a uma provocação de Carleto e acabou expulso depois de dar um tapa no rosto do lateral adversário.


Cuca


O técnico Cuca fecha o time de "renegados", Apesar de bons trabalhos, ele sempre foi considerado um treinador azarado e que perde o controle emocional, o que acaba contaminando todo o elenco. No próprio Atlético, foi questionado em 2011, quando o time encerrou o Brasileiro sendo goleado por 6 a 1 pelo Cruzeiro - resultado que livrou o rival do rebaixamento -, mas ganhou o respaldo da diretoria e, em 2013, até agora tem feito um trabalho irretocável.


Fonte: Veja (Com Estadão Conteúdo)